"Cárcere das Almas" e a saúde mental
- rcgebara
- 22 de nov. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de nov. de 2020
CÁRCERE DAS ALMAS
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
Publicado no livro Últimos Sonetos (1905).
João da Cruz e Sousa
A poesia escrita por Cruz e Sousa utiliza “cárcere” para simbolizar o corpo que representa uma prisão para a alma (“Toda alma num cárcere anda presa”), sugerindo que nenhuma alma é feliz, apresentada por meio de metáforas (“Ó almas presas, mudas, fechadas / nas prisões colossais e abandonadas”).
O eu lírico também exprime seu desejo de transcender o corpo físico e superar os limites impostos ao ser humano, como se pode observar nos versos “Que chaveiro do Céu possui as chaves/ Para abrir-nos as portas do Mistério?!”.
Sua relação é com a depressão, onde a pessoa com esta doença não tem esperança e não vê motivos para continuar vivendo, se sentindo “preso” a si mesmo, sempre cansado e desmotivado. Ou seja, o poema traz pensamentos e vontades de um eu lírico com transtorno depressivo.
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